Fonte: Observatório do Massacre | Imagens: Elielson Silva

Publicado em 31.05.2017

Movimentos de trabalhadores e trabalhadoras rurais clamam por justiça no 7º dia do massacre em Pau d’ Arco. Realizado no final da tarde desta quarta-feira, 31, em frente ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará, o ato foi marcado pela indignação e por denúncias do aumento dos casos de violência contra camponeses no interior do estado.

Grandes empresas e proprietários de terras avançam, cada vez mais e com o apoio das polícias e bancadas parlamentares, sobre as terras, as florestas e ecossistemas que representam os principais meios de trabalho e sustento dos agricultores e extrativistas amazônicos. Contaminam as águas, desgastam e poluem os solos, destroem a fauna e a flora, aniquilam práticas e crenças, desfazem leis e medidas de proteção em nome do avanço do capital.

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No decorrer da semana que seguiu ao anúncio da matança em Pau d’ Arco, diferentes comissões ligadas ao parlamento estadual e aos ministérios públicos apresentaram questões e fortes indícios que descartam a possibilidade de confronto entre policiais militares, civis e trabalhadores.

Relatos de sobreviventes e parentes das vítimas também indicam as condições de barbárie das mortes: perfurações de balas nas costas, nas nádegas, nos crânios por trás, além de indícios fortes de tiros à queima-roupa. A cena do crime foi desfeita, os cadáveres das vítimas foram transportados de forma inadequada e desrespeitosa, as famílias foram impedidas de verem os corpos.

O sindicato de delegados e entidades de classe policiais insistem em desqualificar e desumanizar, por meio de entrevistas junto à imprensa local, as denúncias e as vítimas da chacina. O governador Simão Jatene, por sua vez, anunciou a isenção do governo até a finalização das investigações, ao mesmo tempo em que não constrange publicamente as manifestações convocadas em apoio aos policiais envolvidos com a chacina, veiculadas em mídias sociais com os logotipos das polícias ligadas ao Estado. Ou seja, demonstra ter sim um lado, que tende a ser o que abusa da violência, o que silencia, o que exclui e condiciona populações inteiras à condição social de marginalidade.

Para reforçar o processo de extermínio, o Senado Federal aprovou a Medida Provisória 759, que permitirá a entrega de milhões de hectares aos apetites do mercado imobiliário. Permitirá a criação de um mercado privado de terras a partir do acervo de terras públicas, patrimônio incalculável dos brasileiros e brasileiras. Da mesma forma que em Pau d’ Arco, assá brutalmente a reforma agrária ao mesmo tempo em que legitima a anistia a grileiros.

Do lado da sociedade está a própria sociedade. Está quem acredita que terra, trabalho, natureza e a vida humana não são meras mercadorias negociáveis, mas fontes de sustento, histórias, afetos, crenças, visões de mundo e compromissos entre gerações.

Para que esse atentado contra a sociedade, essa repetição de Eldorado dos Carajás não seja esquecida nem fique impune, gritemos juntos: NÃO ARÃO, NÃO ARÃO. Exigimos JUSTIÇA. Urgente.